Terms & Omissions

Vídeo digital (de aplicação interativa) / Poster A2. Lia Araújo, Margarida Coelho, Miguel Santos. FBAUP.

“Quando foi a última vez que te sentiste seguro na internet?” foi a pergunta que serviu de rastilho para a direção que tomamos neste projeto.

Apesar da maioria estar consciente do valor que os nossos dados têm para várias companhias, os utilizadores da internet, entregam livremente aquilo que de mais precioso têm, em troca de serviços “gratuitos”, como o Facebook ou o Instagram sem, no entanto, ponderar os múltiplos riscos associados a esta, troca, aparentemente inofensiva.
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Tornou-se claro que os objetivos deste projeto deveriam incidir sobre esta problemática, de modo a alertar os utilizadores, de uma forma simbólica, para os perigos resultantes da exposição online.

A instalação Terms & Omissions divide-se em dois momentos. O primeiro momento trata-se da recolha da informação: montamos uma espécie de cabine, onde se colocou o computador que iria armazenar os dados. Uma questão apelativa escrita do lado de fora desta cabine chamava os espetadores a participar nesta instalação. Aqui, era pedido ao participante para responder a uma questão pessoal, cuja resposta asseguramos ser encriptada (em som), e por isso, privada. No entanto, os participantes, ao submeterem a sua resposta, acionavam a câmara, sem o seu conhecimento. Colocámos neste espaço um autocolante onde se lia “smile, you are on camera”, um paralelismo às letras pequenas dos termos e condições – o facto de existir aquele autocolante pressupõe que os participantes tivessem conhecimento de estarem a ser fotografados, mesmo não o sabendo. De seguida, estes participantes eram direcionados para o local onde estavam armazenados os “servidores”.

No segundo momento, dá-se a projeção das fotografias: o participante chega aos servidores e é confrontado com a sua fotografia, ao lado da de todos os outros em grande plano. O som que envolve o espaço é o resultado de todas as respostas encriptadas reproduzidas em simultâneo, tal como uma orquestra, uma peça coletiva.
Referências como “346,000 Wuhan Citizens’ Secret” (2018) de Yufeng Deng, “Listening Post” (2001) de Mark Hansen e Ben Rubin foram muito importantes na criação desta instalação pois ambas se debruçavam sobre problemas de privacidade e foi-nos essencial perceber diferentes abordagens ao mesmo tema.

Em termos técnicos, foi utilizado o Processing em todas as fases. No primeiro momento era necessário criar a encriptação de texto para som, e para tal, definiu-se uma frequência para cada tecla, bem como um gravador para captar internamente os sons gerados por cada pessoa iniciado quando pressionada a caixa de texto e parado quando submetida cada resposta. Ao submeter a resposta, a caixa de texto era reiniciada, ficando vazia. De seguida pretendia-se fotografar o participante sem que ele se apercebesse, pelo que mais uma vez o botão de submeter era o responsável pela captura da fotografia. Para tal foi necessário criar uma câmara cuja imagem não aparecesse no ecrã, mas que ficasse guardada na pasta selecionada.

A segunda parte do projeto correspondia à exposição de dados, tendo-se criado uma maneira de os sons se reproduzirem em simultâneo, conforme a ordem de entrada, e em repetição contínua. Fez-se o mesmo para as fotografias, sendo estas dispostas de forma aleatória.

Para a parte intermédia (passar a informação de um computador para o outro num local diferente) foi necessário criar uma pasta numa cloud, onde o primeiro guardava lá os dados e o segundo iria buscá-los, portanto reescreveram-se os diretórios destas mesmas pastas.